Acabo de assistir SEX AND THE CITY.
Carrie Bradshaw está com 38 anos, namorando o gay do Barishnikov e se perguntando sobre filhos e a hora certa para tê-los, afinal, ela já está no final da linha, velha, e ficou perdendo tempo com o Mr. Big...
Isso fez pensar sobre mim. Isso me fez pensar sobre minha vida, por mais estúpido que possa ser fazermos uma reflexão séria após assistir a SEX AND THE CITY...
Tenho 34 anos. Não tenho filhos. Não sou casado. Nunca fui casado.
Nunca tive filhos. No máximo, tive duas cachorras e um baiacu de estimação, que deixei morrer, sem querer, de frio, num dia de inverno julhal.
E mais triste: não vejo uma coisa nem outra em meu futuro... Não acredito que somente estou dando um tempo para isso: acredito que meu destino é mesmo ficar sozinho e sozinho...
Estranho isso, essa coisa chamada vida... Sempre, sempre, sonhei em ser pai. Sempre me vi com meus filhos no colo, ou deitado no tapete da sala ensinando-os a brincar de guerra com seus soldados G I Joe, os mesmos com que brinquei em minha infância. Me via lutando com espadas e dando tiros pela casa com meus pimpolhos, visão essa, sei, politicamente incorreta, mas não sou politicamente correto, e homem que é homem tem de saber lutar pra não crescer frutinha...
Tornemos à minha paternidade: sempre quis ser pai... E sempre me imaginei casado! Olha que louco: sempre quis casar...
Nunca tive uma coisa nem outra, e na única vez que pedi alguém em casamento ouvi um "NÃO", daqueles doloridos, daqueles inexplicáveis, pois, evidente, eu jamais pediria alguém em casamento se não acreditasse que a outra parte (no caso, o NÃO) não estivesse disposta a dizer o SIM... E hoje, seis e tanto da madrugada, me pego assistindo Sex and The City e me comparando à vagabunda da Carrie Bradshaw... BOSTA DE VIDA!
Não sei em que curva de minha vida eu errei e me perdi, a ponto de chegar ao lugar onde estou. Não sei o motivo de haver perdido o bonde de minha vida e não conseguir jamais avistá-lo novamente. Há muitos anos que não vejo um bonde...
Meu pai sempre me dizia: SE COMEÇOU ERRADO, VAI ACABAR ERRADO... Talvez seja aí a grande questão de minha vida: comecei errado...
Minha mãe engravidou sem ser casada. Meu pai não se casou com minha mãe, então não fui criado naquele ambiente familiar tradicional que tanto busco (quem precisa de psicólogos quando se sabe escrever...). Sonhava com uma família tradicional, na qual o marido, tipo EU, fosse casado com a esposa, tipo sei lá quem, e um dia olhássemos um nos olhos do outro e pensássemos, quase em uníssono: VAMOS TER UM BABY?
Estou sendo punido por buscar fazer as coisas da forma certa, quem diria...
Meu irmão tem um filho. Engravidou a moça com 17 anos, tentaram ficar juntos, mas a imaturidade de ambos (e o começo errado...) fizeram com que não desse certo.
Minha irmã tem dois filhos, em histórias quase similares com as de meu irmão.
Algumas ex minha tem filhos, todas grávidas por acidentes, mas estão lá, firmes, fortes, cuidando de seus filhotes (acho isso, pois não tenho contato nenhum com nenhuma ex, mas o jardim do vizinho é sempre mais florido que o nosso...)
Não sei o motivo desde post. Em geral, no final deles, sempre chego a uma revelação mágica, uma idéia diferente, uma perspectiva metafísica, mas hoje não consigo chegar a nenhuma conclusão, além da evidente: sou, estou e serei sozinho, sempre, e pago o preço, caro demais, por acreditar que o mundo pode ser um pouco mais bonito, que as pessoas se casam por amor e tem seus filhos para exprimir esse amor em forma de gente.
Não compreendo o mundo no qual as pessoas nascem por uma simples trepada na hora errada com um fulano qualquer... E entendo o nível de ingenuidade dessa minha frase, sem, no entanto, me envergonhar dela...
Deus errou quando nos fez sem o botão LIGA/DESLIGA. Eu me desligaria de bom grado para não perceber, cada dia mais, o quanto a vida não tem sentido para aqueles que sonham... Cansei de sonhar.
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