SOBRE O BLOG

Miscelânea intuitiva de gostos, sonhos, desejos, angústias, paixões e destemperamentos, e,porque não, de ódios, raivas e estresses... Miscelânea é assim: TEM DE TUDO!

Meu Diário de Bordo da solidão, meu painel de idéias e guia de entendimento, tudo misturado com humor, drama, terror, anti-corintianismo, sentimentos e doses homeopáticas de papo sério.

Chega junto, arruma um banquinho, senta aí e vem comigo!

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quinta-feira, 1 de julho de 2010

u Friu I A argENtiNAH

Todo ano, fico doente exatamente na mesma época, quando se iniciam as primeiras noites frias do ano, já no finalzinho de maio ou começo de junho...

Junho chegou, e eu estou ciclicamente doente, febril, com 45º de temperatura, olhos saltando das orbitas, tímpanos sangrando de dor e tendências ao exagero desmensuradas, maior do que qualquer outra fase normal de minha história de escritor, afinal, sou homem, estou com gripe, torno-me mexicano de novela do SBT, e sei que vou morrer...

Meu corpo treme todo, calafrios vem e vão, delírios surgem no meio do sono. Sonho que estou sendo assado feito um leitão, com uma maça na boca, e acordo mordendo o travesseiro. Odeio ficar assim, apesar de que seria muito estranho e anormal se eu gostasse...

Assisti ao Jornal Nacional e ouvi:

“Frente fria vinda da Argentina”... 

Odeio frente fria. Odeio a Argentina.

Pega-nos desprevenidos, pelas costas, como aquela maldita dor no rim que tenho quando falo mal de minha sogr(ui!)... Vodu existe... Odeio vodu!

Fui à casa de minha namorada e, ao voltar, andei envolto em névoa e neblina, ambos presentes de “nostros hermanos” argentinos, até chegar em minha casa.

A névoa que me rodeava fazia-me lembrar de Londres e de Jack, o estripador. Felizes eram as suas vítimas, que não sentiam mais frio... Odeio frio! Cadê o Jack?

Fui chegando a minha casa. Não sentia mais meus pés, minhas mãos não tinham mais movimento. Tinha medo de espirrar e perder o meu gélido nariz com o espirro. Preciso do meu nariz. Odeio gente sem nariz! Odeio Michael Jackson...

Cheguei à porta do meu prédio.
AINDA VIVO...
Abri a porta da entrada, queixo batendo de frio, calafrios pelo corpo, sem sentir meus pés, mãos imóveis, meio que me arrastando pelo caminho.

Caminhei até a porta do elevador, que não estava lá. Ele nunca está lá... Estava no 29º andar. Odeio os moradores do 29º andar. Nunca os vi, não sei seus nomes, não sei se são brancos ou negros ou amarelos, não sei o que fazem ou quantos são, mas SEMPRE que preciso do elevador aqui em baixo ele está lá em cima. Morram malditos! Odeio o 29º andar!

Penso que seria bom se o elevador descesse, mas ele não desce. Aperto o botão pra variar. Deu certo: lá vem ele. Do 29º. Já falei do 29º... Vou por fogo no prédio só pra ver a cara de vocês, malditos, safados, salafrários... Aposto que são argentinos!

Chegou. ALELUIA...

AINDA VIVO...

Entro no elevador. Aperto o 3. Motivos para isso, perguntam-se os leitores? Moro no 3º andar, estranho seria se apertasse o 5... Desculpem: quando sinto que vou morrer, fico de mau-humor...

A febre aumenta... Meus delírios aumentam junto. Vejo a luz, a luz...

O elevador chega ao meu andar. Pára. A porta se abre. Sim, é o meu andar, mas pelo meu andar nota-se que eu estou muito mal. Arrasto-me por todos os longuíssimos quatro metros que separam a porta do elevador da porta de meu apartamento. Ando devagar, parando a cada passo. Acho que vou morrer! Odeio esperar que vou morrer! Quero morrer logo!

Coloco a mão em meu bolso e sinto uma chapinha gelada. Seguro-a. Pego a chave de casa em minhas mãos duras e já quase sem vida. Mãos duras, nariz congelado no meio da cara. Ainda bem que, pelo menos, ainda tenho nariz...

Fui para minha cama, estendi o cobertor em cima do edredom, que hoje não esquenta de jeito nenhum.

Sinto-me num iglu... Achei que o edredom somente não seria o suficiente, levanto-me. Esforço. Vontade. Desejo. Superação. Consigo pegar o outro edredom que não usava há uns dois anos e estava guardado no fundo do armário. Coloco-o sobre mim e ouço, entre meus delírios alucinógenos psicodélicos febris, os ácaros conversando entre si:

-Deixa o pescoço para mim...

-Olha lá que o nariz é meu, hein...

-Na bunda ninguém tasca! É minha! 


Odeio ácaros! Desisti do outro edredom... Antes o frio do que a sensação de ser comido vivo... Quem gosta de ser comido é gay e emo. Odeio emo: um gay que não sabe que é gay...
i prAH piorAh...NAUm bAStaXXi sEr gAy...TeM A manIAH dI EScRevE aXXIm.................. odEiu Qm EsCREvI aXXiM..................

Deito-me de novo. Febre cada vez mais alta. Mais luz...

O maldito edredom não esquenta. Dou-lhe umas porradas para ele aprender quem manda aqui.

Frio. Febre. Neve. Tuberculose.

Homem gripado é uma merda! deVeRIah TEr eSCRItU u tExXxTU aXXiM..................

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