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Miscelânea intuitiva de gostos, sonhos, desejos, angústias, paixões e destemperamentos, e,porque não, de ódios, raivas e estresses... Miscelânea é assim: TEM DE TUDO!

Meu Diário de Bordo da solidão, meu painel de idéias e guia de entendimento, tudo misturado com humor, drama, terror, anti-corintianismo, sentimentos e doses homeopáticas de papo sério.

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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Violência contra a mulher

Hoje o papo é sério, sem piadas ou palavras de duplo sentido. 
Sempre discuti e debati esse assunto, mas nunca havia falado sobre esse tema, no Facebook, pois sempre achei que era denso demais para ser debatido aqui, nesse site azul e branco, tão cheio de futilidades e baboseiras e fotos de gatinhos.
Apesar disso, sempre foi um assunto que esteve na ponta da língua, que fazia parte de meus pensamentos e que sempre me incomodou.
A violência contra a mulher é colocada como mais uma das modinhas que temos nesse mundo cada vez "mais fresco" em que vivemos. Colocam como mais uma reclamação, como a onda de bullying, onde um ovo de páscoa que te chama de comilão é motivo pra apreensão de material. Ou tantos outras reclamações que essa democratização da palavra nos permitiu fazer. 
Pra muitos, violência contra mulher é mais uma das frescura do Facebook.  Até pra algumas mulheres, que acham que isso tudo é simples "falta de louça pra lavar"...
Não é! Talvez, junto com o racismo, seja um dos temas mais importantes da sociedade, que não é tratado com o devido mérito e importância...
A violência contra à mulher é real, está aí, além das estatísticas, além dos dados que aparecem nos jornais.
É algo que acontece não só na favela distante com mulheres que são incultas e iletradas, praticado por pedreiros bêbados. Não, isso é o que nosso preconceito nos faz pensar, pra podermos dormir em paz.
Sou homem, solteiro, sem filhos. Namorei muito, conheci muitas mulheres, ouvi muitas histórias, e não saia com a mulher iletrada e sem estudo que achamos que é a típica vítima de violência. Mas vi e ouvi tanta dor e revolta...
Conheçi a mulher casada que encara estupro como algo rotineiro, que pode acontecer qualquer dia, quando o marido estiver bêbado ou de mau humor. Isso quando não apanha. Isso quando não apanha e é estuprada. Isso quando não chama a polícia, faz B.O. e ouve que foi só "briga de marido e mulher, não podemos fazer nada..."
Vi outra que, apesar dos "nãos" repetidos e em voz alta, foi forçada a praticar sexo por alguém muito mais forte e que fingiu-se de surdo. Uma coisa é aquele "não" que diz sim, outra é o "não" que diz "NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO"...
Tinha aquela que apanhava do marido e voltava pra ele, até tomar outra surra e perdoar dali uns dias, mesmo gravida, com olho roxo. E essa fez uma enxurrada de filhos, e está presa com o fulano por não ter profissão nem estudo direito...
Ainda mais uma que quase foi estuprada por um namorado bêbado, e teve de lutar com unhas e dentes pra escapar do fulano, fugindo as 4 da manhã, vestida com uma jaqueta jeans para cobrir as roupas rasgadas, andando por uma avenida escura e perigosa. Um estranho, que ele sim deveria representar perigo, foi a mão salvadora naquele dia, naquela longa avenida, no caminho são e salva até a casa.
Ah, e tinha mais uma, aquela que era tratada feito lixo, com sua auto-estima sendo sucateada mais e mais a cada dia, até se converter num reles buraco onde um animal buscava prazer de vez em vez...
Há aquela outra que era nada, somente à empregada e puta do marido, pois ensinaram na droga da religião que ela devia obedecer e não questionar. Casou-se aos 16, sem profissão e sem ter sequer vivido, e sua única vida era aquela, trancada em casa, em nome dum deus que jamais dava as caras...
Teve até aquela, mais safadinha, que começou um sexo anal, sentiu dor e pediu pra parar, e não pararam, e continuaram até conseguirem a humilhação da menina e o prazer do pseudo-homem em quem ela confiou...
Não conheço ninguém que more em uma favela, mas conheço pelo menos umas 11 mulheres que sofreram estupros e ficou por isso mesmo. Disseram NÃO, pediram pra parar, e mesmo assim, ninguém ouviu, ninguém parou.
As histórias que contei são verdadeiras, de gente que não entrou nas estatísticas. São o lado negro dessa mania nacional de pensar que violência acontece longe, noutra cidade, noutra estado. 
Violência contra a mulher é algo que está aí, ao seu lado. Pode ser com sua filha, com sua irmã, talvez até com sua mãe. 
Será que, em pleno século XXI, ainda ficaremos de braços cruzados?
Saramago tinha uma frase, que era assim: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." E eu completaria: Se repara, enxerga, se enxerga, AJA!

Celso Aímola

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